HANKIDO (한기도)
Uma arte que gira. E no giro, revela!
O Hankido não nasceu de um estilo. Nasceu de uma frustração. De uma tentativa falha de unificação. E de uma decisão solitária — a de criar, ao invés de disputar.
Nos bastidores do Hapkido tradicional, enquanto escolas divergiam e mestres competiam por autenticidade, um artista marcial coreano começou a enxergar o que muitos já não viam: a arte estava fragmentada.
Faltava estrutura!
Faltava coerência!
E faltava uma linguagem comum entre quem dizia ensinar a mesma coisa. Seu nome era Myung Jae-nam, e sua inquietação transformou a história!
Ao longo da década de 1980, Myung tentou reorganizar o Hapkido desde dentro. Não conseguiu. As escolas falavam dialetos diferentes da mesma arte, e nenhum deles queria ceder. Ele, então, recuou para sua escola, a Han Kuk Hapki Hwe, e ali começou a lapidar uma proposta nova: mais limpa, mais conectada, mais orgânica. Nascia ali o que, inicialmente, se chamou de HapkiMuyedo — e que mais tarde se consolidaria como Hankido.
O nome Hankido (한기도) é mais do que uma designação. É uma afirmação.
Han, que pode significar povo coreano ou Divindade.
Ki, energia vital.
Do, conduta...caminho.
É a via onde o corpo se move em espiral, respira com consciência e organiza sua intenção com propósito.
Há quem diga que as 12 técnicas fundamentais do Hankido surgiram para Myung Jae-nam em sonhos. Se foram revelações divinas ou decantações técnicas, pouco importa. O que importa é o que se vê, o que se sente e o que se estuda: um sistema funcional, coerente, preciso e profundamente humano.
Essas 12 técnicas — conhecidas como Hwansang Dobeop — formam a espinha dorsal do Hankido. São estudadas em visualização, com e sem parceiro, como forma de construção da consciência corporal. A sequência cresce, se transforma e se desdobra em aplicações reais — chamadas de Hosin Dobeop, a arte da defesa pessoal circular. Tudo gira. Tudo flui. Tudo retorna ao centro!
O Hankido é isso: técnica que respira. Movimento que tem intenção!
Não busca imitar. Não precisa se provar.
Sua proposta não é substituir o Hapkido nem rivalizar com o Aikido — embora ambas estejam nas suas raízes. O Hankido não é uma fusão. É uma síntese. É o refinamento técnico que nasce da observação paciente e da depuração de décadas.
Depois da morte de seu criador, em 1999, o Hankido correu o risco de se dissolver. A International Hapkido Federation, fragilizada, perdeu clareza. E a arte foi mantida viva graças ao seu herdeiro técnico mais fiel: Ko Baek-yong, braço direito de Myung Jae-nam e responsável por lapidar, sistematizar e preservar tudo o que seu mestre havia criado. Na escola Sangmukwan, o Hankido seguiu vivo — longe das manchetes, mas perto da essência. Em 2014, a fundação da World Hankimuye Federation selou esse legado.
No Brasil, o Hankido chegou cedo — mas encontrou resistência. Foi confundido, rotulado, ignorado. Muitos não estavam prontos para estudar uma arte que exigia reaprender quase tudo. Faltou preparo, não valor. E por isso, no MUSULDO, ele ocupa um lugar especial.
Aqui, o Hankido não é tratado como variação. Nem como curiosidade.
É estudado como sistema.
Respeitado como arte.
Vivido como processo!
É estudado como sistema.
Respeitado como arte.
Vivido como processo!
Porque técnica, no fim das contas, é só o começo.
O Hankido é o que acontece depois — quando o giro vira respiração, e a respiração vira presença.
O Hankido é o que acontece depois — quando o giro vira respiração, e a respiração vira presença.