O Taekwondo, sem sombra de dúvidas, é a “arte marcial” coreana mais conhecida mundialmente.
Assombrado por histórias e estórias acerca de suas origens, até hoje confundem praticantes e divide opniões.
Porém os fatos sobre sua estruturação já são bem conhecidos e definem com mais clareza sua história.
O período oficial da ocupação japonesa sobre o território coreano - 1895~1945 - foi devastador para a cultura regional. O Japão impôs fortemente sua cultura no país e baniu as culturas regionais sob duras represálias contra opositores; inclusive o próprio idioma nativo era proibido em locais públicos.
Além disso, antes desse período, o território já era politicamente Chinês e sofria grande influência cultural da China e servia como palco de constantes batalhas entre China e Japão por disputas territoriais. Um país sofrido e devastado constantemente.
Esse cenário não favoreceu a Coréia na manutenção das suas culturas, incluindo as ciências militares e a prática de artes marciais regionais.
O período mais intenso do domínio japonês foi entre 1905(Protetorado Japonês) e 1945(fim da 2ª Guerra Mundial). Conhecido como “Regime do Terror”, as imposições japonesas eram de extrema violência e terrorismo contra qualquer resistência, dizimando cada vez mais os costumes e tradições regionais.
A inserção em massa da cultura japonesa transformou o país e dentro desse pacote cultural, estavam as práticas do Judô, Kendô e Caratê; as únicas “artes marciais” que tiveram permissão de serem praticadas pelos coreanos.
Após 40 anos de terror, ao térmico da 2ª guerra, o Japão foi forçado a se retirar da península coreana, deixando para trás um país devastado economicamente, politicamente e culturalmente…um quintal do Japão.
Parte da cultura remanescente, foram as artes marciais.
E de imediato, tudo que era japonês precisava se tornar coreano!
Uma nação desesperada por reconstrução e nacionalismo!
Sem muito o que ser feito, reaproveitaram a cultura e costumes japoneses deixados para trás, transformando-os em regionais, rebatizando tudo para o idioma local.
Então Judô virou Yudo; Kendô virou Gumdo; e Caratê virou Kongsudo e Tangsudo.
Na época, o esforço pela reconstrução cultural fez com que lendas e estórias fossem agregadas a essas modalidades para cortarem totalmente o vínculo japonês… por questões óbvias. Nada poderia ter relação com o Japão! Precisaram encontrar relações históricas entre essas artes marciais e o povo coreano. Recorreram a pergaminhos antigos, lendas e romances que traziam algumas informações de técnicas de lutas folclóricas e militares para embasarem suas propostas. Foi então onde surgiram as famosas ligações milenares entre os três reinos antigos(Goguryeo, Baekje e Silla); lutas folclóricas como Subak, Syrüm e Taekkyeon; pergaminhos de guerra do Muye Dobo Tongji; mosteiros e monges ocultos; Jikim-i(protetores culturais); dentre outras curiosidades.
E tudo isso deu certo! Mas nem tanto…
Na metade do século XX era inimaginável que o mundo se conectaria com tanta facilidade como é no século XXI. Jamais se imaginava, inclusive, a potência que a Coréia do Sul se tornaria no futuro.
Essas características fizeram com que o mundo olhasse para a Coréia, onde naturalmente despertou o interesse por sua história e cultura.
Com as artes marciais isso não foi diferente, muito pelo contrário…cada vez mais ocidentais buscaram informações sobre as artes coreanas com intuito de descobrir suas reias origens e histórias.
E isso está bem claro hoje!
Apesar de ainda existirem defensores dessas estórias, documentos, registros e manifestos pessoais esclarecem essa estratégia da época.
Assim, sobre o Taekwondo, o que podemos afirmar hoje é que essa “arte marcial” coreana se estruturou com base no Caratê japonês.
A sua formação foi de fato o Caratê japonês, que passou a ser chamado por Kongsudo(caminho das mão vazias, em coreano) ou Tangsudo(caminho das mãos de Tang, em coreno).
Na época, as escolas de KSD e TSD disputavam suas importâncias e lideranças. Foi nesse momento que alguns mestres se reuniram e resolveram unificar as escolas e criarem uma arte marcial “legitimamente” coreana para ser exportada comercialmente, com o objetivo da expansão cultural coreana e mostrar ao mundo que a Coréia também era um país asiático forte.
À exemplos do Japão e China, que também utilizaram suas artes marciais como produtos culturais, a Coréia seguiu o mesmo caminho, porém com as particularidades históricas já citadas.
Assim o TKD surgiu como uma arte marcial perdida no tempo e treinada secretamente que deveria ser mostrada ao mundo, mas quando na verdade, era o Caratê com uma roupagem regional.
Entretanto, ao longo dos anos o Taekwondo foi evoluindo e tomando cada vez mais características regionais, se afastando lentamente das escolas de Kongsudo e Tangsudo. Além disso, grande incentivo político fortaleceu o TKD internacionalmente atingindo o objetivo olímpico.
Estruturalmente é a modalidade de luta ou arte marcial mais organizada da Coréia, com centros de pesquisas e treinamentos para constante evolução e padronização da modalidade; um paralelo muito forte com o Judô.
Sendo assim, o Taekwondo possuí características únicas que foram sendo desenvolvidas e enaltecidas ao longo dos anos, fazendo com que sua conexão com o Caratê japonês se distanciasse, sendo visivelmente distintos, tornando-o assim, uma “arte marcial legitimamente” coreana.
No projeto MUSULDO, o Mestre Claudio Fauza integra as técnicas do Taekwondo com o objetivo de fortalecer a cultura das artes marciais coreanas e desenvolver o lado "marcial" da modalidade, buscando um melhor entendimento técnico e proficiente.

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